Entenda melhor o papel da estilista na mentoria dos artistas e a história por trás das mulheres de Wakanda
Jal Vieira e Luna B. participaram do projeto O Poder é Nosso da Marvel, a primeira como mentora e a segunda como artista convidada. As duas contam um pouco mais sobre seu processo de criação, inclusive as inspirações por trás das releituras das mulheres de Wakanda, do filme Pantera Negra, disponível no Disney+.
O Poder é Nosso: o projeto
O projeto O Poder é Nosso da Marvel se inicia neste mês com o lançamento de roupas estampadas com releituras de personagens pretos do Universo Cinematográfico Marvel (UCM) criadas por cinco artistas pretos brasileiros.
A iniciativa, a primeira a ser feita diretamente para o público do Brasil, foi criada em conjunto com o grupo de afinidade T’Challa, composto por funcionários pretos da Disney, e feita com o objetivo de trazer mais visibilidade para artistas pretos.
Nessa primeira parte do projeto, a Marvel convidou cinco artistas de diferentes partes do país para criarem releituras dos personagens: Pantera Negra, Tempestade, Miles Morales, Mulheres de Wakanda e Falcão, com seus próprios estilos artísticos e bagagem cultural junto da mentoria da estilista Jal Vieira.
Os artistas selecionados são: Negritoo, Crica, Massai, Luna e Dgoh e suas artes foram transformadas numa coleção exclusiva com a C&A, com lançamento para para 16 de agosto no e-commerce e 23 de agosto nas lojas físicas. Outros parceiros irão lançar coleções como parte do projeto ao longo do ano de 2022 e 2023. Cada um dos artistas participou da produção de um mini documentário sobre sua arte e vida, entrevistamos todos para conhecer um pouquinho mais sobre eles. Os minidocumentários de Jal e Luna estarão disponíveis no canal do Youtube da Marvel Brasil no dia 9 de agosto.
Conheça mais sobre Jal Vieira e Luna B. a seguir.
O Poder é Nosso: a estilista Jal Vieira, mentora do projeto
A estilista Jal Vieira fez a mentoria dos cinco artistas durante o projeto O Poder É Nosso, processo no qual ela focou em formar elos profundos com cada um deles. “Meu objetivo era compreender cada um como artista, suas particularidades, suas individualidades”, explica ela.
Jal já tinha trabalhado com a Marvel quando fez a coleção Realeza em 2021, inspirada nas vestimentas das Mulheres de Wakanda. As roupas fizeram parte do Marvel Diversidade, que pretende enaltecer vozes pretas em todo o Brasil.
Na época, Jal fez questão de garantir que a equipe que trabalharia com ela seria 90% preta. “Representatividade não é só quem estampa a campanha, é quem está por trás também”, afirma ela.
O Poder é Nosso: Jal Vieira conta a importância da diversidade em todas as etapas
A estilista quis trazer para O Poder é Nosso o mesmo cuidado, garantindo que os artistas pretos tivessem sua humanidade reconhecida e voz protegida.
“Minha função aqui era fazer esse encontro entre artista e marca depois de conhecer bem todos eles”, conta. “A ideia não é tratar ninguém como estatística, mas valorizar a história artística e pessoal por trás de cada um deles”.
“O maior superpoder é a conexão humana, então forjar isso através da arte era nossa intenção”, explica ela.
O Poder é Nosso: Jal Vieira e seu foco em criar um legado preto
Para Jal, tudo isso era necessário pelo valor de representatividade e legado que o projeto carrega. “Nos tiram a possibilidade de sermos humanos quando somos pessoas pretas. Por isso, é importante ter trabalhos que garantam isso e eu quis ser parte disso”, afirma.
Segundo ela, as atuais conquistas são resultado de trabalhos e lutas que vêm muito antes dela e dos artistas participantes. “Muita gente batalhou para que tivéssemos esse reconhecimento. É um legado que também queremos deixar. Abriram portas para nós, então abrimos para outros e assim por diante”.
O Poder é Nosso: Luna Bastos e sua trajetória como artista
Luna é artista, psicóloga e tatuadora e produziu as imagens das mulheres de Wakanda para o projeto. Nascida em Teresina, no Piauí, ela desenha desde pequena, sendo chamada de artista por sua família e amigos.
“Eu sempre me considerei artista, mas demorou um pouco para eu aceitar isso como profissão”, explica. Luna conta que foi decisivo para sua formação artística seu envolvimento com a cultura Hip Hop.
“Tive contato com o grafite em uma oficina e a partir daí senti que podia expressar partes da minha arte nessa técnica que antes não conseguia”, conta.
O Poder é Nosso: As inspirações por trás das mulheres de Wakanda
Sua ligação com as mulheres de Wakanda já era forte antes do projeto, mas a partir dele ela descobriu uma nova conexão com as Dora Milaje, as guardiãs reais do Pantera Negra.
“Eu já tinha sentido um impacto muito forte desde a primeira vez que vi o filme, por serem mulheres pretas nesse papel de potência e não de fraqueza”, explica ela.
Mas, pesquisando sobre as origens da criação das personagens, ela descobriu que as guerreiras foram inspiradas em um exército feminino que realmente existiu na África do século 19.
As Amazonas de Daomé foram guerreiras da região onde atualmente fica a República do Benin, na África Ocidental. O apelido foi criado pelos colonizadores franceses, mas para os africanos da etnia fon, elas eram chamadas de ahosi, também conhecidas por mino, que significaria "nossas mães".
Além de atuarem na política e em cargos judiciais, as ahosi também eram soldadas e oficiais militares. “Elas constituíam um terço do exército de Daomé e foram muito importantes na resistência à colonização francesa”, explica Luna.
O Poder é Nosso: Luna quer promover mudanças reais
“Eu espero, portanto, que essa parte histórica seja passada para as pessoas, porque inclui ela no meu trabalho”, conta a artista. “Também fiz questão de dar individualidade a cada uma das guerreiras que fiz, porque mesmo que haja uma força no coletivo, somos indivíduos também”.
Luna conta que o trabalho no projeto O Poder é Nosso foi uma oportunidade para ela devolver um pouco do que aprendeu e aprende para a comunidade.
“Eu tive a sorte de ser apoiada desde pequena e quero que isso sirva de alguma forma para quem não tem essa oportunidade. Por isso, valorizo muito a parte social do projeto, que fomenta outros empreendimentos parecidos”, diz Luna, se referindo ao apoio que a Marvel e a C&A darão ao PretaHub, plataforma de Adriana Barbosa para acelerar empresas feitas por pessoas pretas.