Roberta Prazeres explica como o grupo é um espaço de acolhimento para ela e a importância desse tipo de iniciativa em grandes empresas.
Roberta Prazeres, do departamento de Crative Sevices na Disney Brasil, conta que o Coletivo T’Challa, que reúne os colaboradores negros da companhia, simboliza para ela um “abraço”. Roberta pretende usar o espaço para atrair mais pessoas pretas para a empresa, tornando o ambiente cada vez mais confortável para elas.
“Minha mãe só assiste animação e o primeiro filme que fui ver no cinema foi produzido pela Disney. Isso acabou me impactando pelo resto da vida”, revela.
Assim que entrou na The Walt Disney Company Brasil, Roberta foi convidada a participar do Coletivo T’Challa. Segundo ela, foi amor à primeira vista e uma grande oportunidade para sentir que faria a diferença para outras pessoas negras.
Saiba mais sobre a relação de Roberta com o Coletivo T’Challa e seus momentos favoritos no Universo Cinematográfico Marvel (UCM):
Qual é a sua história com o Coletivo T’Challa?
Roberta Prazeres: Eu me envolvi com o Coletivo assim que eu entrei na Disney Brasil, porque logo fui convidada por um dos participantes do grupo. E foi amor à primeira vista, porque quando você chega em uma empresa, principalmente em uma multinacional como a Disney, por conta do racismo estrutural é difícil você se enxergar inserida nesse lugar.
Você olha pros lados e muitas vezes não vê pessoas semelhantes e encontrar o grupo do Coletivo me deu uma sensação de abraço, de acolhimento.
Quis me envolver com o grupo também pensando no que eu posso fazer para melhorar ainda mais o ambiente para pessoas pretas dentro da Disney. Ações para trazer mais negros para a empresa e para crescermos aqui dentro e, assim, cheguarmos juntos no topo.
A importância do Coletivo T’Challa é justamente essa pra mim: se enxergar como pessoa negra, racializar os processos de trabalho e pensar em como incluir ideais mais democráticos e de justiça social para esse ambiente.
Qual é a sua relação com a Marvel?
Roberta Prazeres: Dentro da empresa não tenho muito contato com a Marvel no meu dia-a-dia, mas como consumidora gosto muito. Eu observo que existe uma preocupação com inclusão de fato, com mais personagens pretos como referência. É um trabalho muito bem executado e que admiro.
Depois da aparição do Pantera Negra no UCM, eu realmente passei a ficar mais interessada. Uma personagem que me impactou muito depois de ver o segundo filme, o Pantera Negra: Wakanda para Sempre, é a Riri Williams (Dominique Thorne), a Coração de Ferro.
Ela é uma mulher negra, jovem, independente, inteligente, o pai dela era um mecânico e o meu pai também é mecânico, então eu tive uma identificação muito forte.
Principalmente porque ela criou uma armadura contra o mundo e acho que quando você é uma mulher negra, dentro do contexto do mundo em que vivemos, você também cria uma armadura e está sempre pronta para a batalha.
Isso pode ser bom mas ao mesmo tempo é ruim, já que ficamos sempre em estado de alerta, e esse é outro ponto que a Riri me ensinou, a demonstrar mais as vulnerabilidades.
Quais momentos do UCM mais te emocionaram?
Roberta Prazeres: No primeiro filme do Pantera Negra, em 2018, eu levei minha irmã mais nova e fui muito impactada pela morte do Erik Killmonger (Michael B. Jordan). Aquele momento em que ele pede para ser jogado às águas assim como seus ancestrais ficou comigo.
Apesar dessa dor do Killmonger, há também o orgulho em relação ao seu povo. Todo o aspecto da construção de um novo mundo, que é Wakanda, com tecnologia e com coisas que a África nunca foi vista como digna pelo mundo são muito importantes. Wakanda veio para mudar o imaginário do que é ser negro no mundo.
Além disso, o Killmonger nos faz pensar nas várias subjetividades das pessoas pretas, que até mesmo um vilão tem o seu lado humano. Isso é importante para a construção de personagens mais complexos, porque normalmente os personagens negros são muito simplificados, sem camadas. Mas nos filmes do Pantera Negra cada personagem tem suas particularidades e subjetividades.