Colaboradora da Disney Brasil conta como funcionários negros vêem no Coletivo T’Challa um ponto de referência e respeito à acenstralidade.
Pâmella Souza, do departamento de Marketing da Disney Brasil, conta que o Coletivo T’Challa serve como um ponto de referência essencial para pessoas pretas e não pretas dentro da empresa. “Queremos ser a representatividade que não tivemos antes em outros locais de trabalho”, afirma ela.
De acordo com Pâmella, o respeito e a devoção à ancestralidade negra presente nos dois filmes sobre o Pantera Negra a emocionaram e ela espera que a temática racial ocupe cada vez mais espaço nas produções do Universo Cinematográfico Marvel (UCM).
Encontros e desencontros
Formada em Publicidade e Propaganda, Pâmella Souza entrou na Companhia no final de 2021, após uma série de encontros e desencontros. “Eu estava saindo de um estágio e vi a divulgação da vaga que ocupo hoje, mas não me achava experiente o suficiente para me candidatar”, explica.
Pâmella resolveu se candidatar, mas só depois de quase um mês recebeu uma ligação para a entrevista com a equipe de Recursos Humanos. “Eles tinham me respondido e o e-mail foi parar na área de spam! Se eles não tivessem insistido, eu não estaria trabalhando na Disney hoje”. “Era o destino”, acredita Pâmella.
Pâmella conheceu o Coletivo T’Challa quando o antigo líder do grupo a convidou para participar de uma reunião. “Eu aceitei de cara porque é uma pauta muito importante para mim”, afirma. Conheça mais sobre a história da colaboradora e a relação que ela possui com a Marvel.
Qual é a sua história com o Coletivo T'Challa?
Pâmella Souza: Eu estava numa reunião online com diversas áreas e o antigo líder do Coletivo T’Challa me viu e mandou uma mensagem pra minha líder direta apresentando a iniciativa e me convidando a participar do grupo.
Quando nos encontramos para uma reunião, eu aceitei de cara o convite, porque é uma pauta muito importante para mim, algo que faz parte da minha realidade, e ao me reunir com os demais integrantes do Coletivo tive uma afinidade imediata com todos.
O Coletivo T’Challa tem essa importância pra mim de não ser só um grupo em que somos um ponto de referência para as pautas raciais dentro da empresa, mas também é um grupo de afinidades.
Nós temos essa meta de trazer mais representatividade para a empresa e para o entretenimento em geral.
Qual sua ligação com a Marvel?
Pâmella Souza: A Marvel sempre teve uma importância muito grande pra mim e trabalhando na Disney isso se intensificou. Sempre que tenho a oportunidade de participar mais de perto de algum projeto da marca, eu agarro porque me deixa muito feliz.
Vejo nos últimos anos os Estúdios Marvel têm feito um trabalho muito legal referente à inclusão racial de pessoas negras. A primeira referência que eu tenho de um super-herói negro é a Tempestade, dos X-Men, que eu amava.
Ela sempre foi a minha super-heroína, uma mulher forte mas compreensiva, com uma presença potente. Eu via muito da minha mãe na Tempestade, já que as duas são professoras.
Mas ainda assim era pequena a presença negra no UCM. Nos últimos dez anos a Marvel vem mudando e trazendo mais representatividade em suas produções. Acho que o Pantera Negra é um bom exemplo disso, mas temos também o novo Capitão América, o Falcão (Anthony Mackie) que é preto.
Esse aumento da representatividade me deixa muito feliz porque consigo ver super-heróis semelhantes a mim, dessa vez não só em relação a personalidade, mas também fisicamente parecidos. Isso é muito importante.
Quais momentos do UCM mais te marcaram?
Pâmella Souza: Um dos momentos que mais me impactaram nos filmes da Marvel é uma das cenas finais do primeiro Pantera Negra (2018), disponível no Disney+, na morte de Erik Killmonger (Michael B. Jordan), quando ele fala para o rei T’Challa que ele prefere ser jogado no rio, como os ancestrais dele.
Essa referência direta às pessoas que foram escravizadas no passado é um sentimento muito forte e até hoje ela ecoa na minha memória. Pra mim, ele não é um vilão, mas um anti-herói – alguém que, no final, escolheu voltar à ancestralidade, mostrando respeito pelas pessoas que existiram antes dele.
Outro momento de forte identificação foi no novo filme do Pantera Negra, Pantera Negra: Wakanda para Sempre, que é uma produção que fala muito de luto e de ciclos que se encerram, e como as pessoas que perdemos não vão embora para sempre, elas continuam aqui de alguma forma com a gente.
Eu perdi minha avó recentemente, então o enredo do filme me emocionou muito. Todas as cenas em que a Shuri conversa com a mãe dela sobre a morte do T’Challa (e do Chadwick Boseman) me tocaram profundamente.